Na noite desta sexta-feira (11) a Bibliotheca Pública Pelotense recebe um espetáculo que é um culto a ancestralidade e a herança cultural negra. Em cena as vozes e os tambores da Tribo Maçambiqueira, de Kako Xavier e Loma Pereira, no show intitulado As congadas do tropicado, levam para o centenário prédio a música trazida pelos africanos. A apresentação, marcada para as 20h, é uma realização do Sesc, através do Circuito 2022 do Sonora Brasil Sesc. A entrada é gratuita.

Com 21 anos de trajetória nas artes gaúchas, o Trio Maçambiqueira é formado por músicos de Osório, que por meio da música ajudam a perpetuar costumes do povo negro daquela região. No grupo estão: Mário Duleodato, Paulinho Di Casa, Mestre Cau Silva e Gef Lima, que nesta edição do Sonora Brasil se unem a outros grandes artistas da música regional, a cantora Loma Pereira e o cantor, percussionista e compositor Kako Xavier, num encontro que busca promover o ritmo do Maçambique e as histórias ancestrais.

Neste ano o projeto de circulação tem como tema Culturas Bantu: afro-sonoridades tradicionais e contemporâneas, que destaca a contribuição dos povos de línguas bantu para a música brasileira. Em 2022 a iniciativa retoma o formato presencial, com apresentações realizadas por grupos locais, em um total de 28 artistas e grupos musicais de 23 estados brasileiros e Distrito Federal.

Natureza e religiosidade

Abordando temas que vão desde o contato com a natureza até a religiosidade, é na fusão entre o som dos tambores do litoral com a música regional gaúcha que a Tribo Maçambiqueira busca promover o legado dos artistas e da cultura popular. "Contar da Tribo Maçambiqueira a gente tem que começar: eu, o Mário Duleodato e o Kako Xavier, ali que foi criada a ideia de se ter um grupo com o nome da música que fosse relacionado a gente tava fazendo na época. Depois que a gente começou a conviver com o Kako... aí veio a ideia da gente criar um grupo", relata o cantor e compositor Paulinho Di Casa, no documentário 20 anos - Tribo Maçambiqueira, ao lembrar como o grupo nasceu.

O músico pelotense foi, o que pode-se dizer, "padrinho" da Tribo, que nascia no início da segunda década dos anos 2000. Kako Xavier lembra que membros da Tribo eram tamboreiros e tocavam com ele. Em 2009, Xavier começou a incentivar os companheiros a formaram o próprio grupo, para que se começasse a fazer um movimento de música negra de tambor no Estado. "Eu produzi um disco deles, que é Tropicado, e comecei a fazer a produção deles. Agora eu estou fazendo com eles o Sonora Brasil do Sesc, a gente está circulando pelo Rio Grande do Sul."

Nesta apresentação de hoje os músicos levam ao público um trabalho de raiz, só de tambor e violão. Em As congadas do tropicado - o tropicado é um ritmo que eles fazem no tambor de maçambique - . Kako explica que o maçambique é uma congada e o país tem várias delas. As caixas do Divino, que é do Rio de Janeiro, o maracatu, de Pernambuco, o marabaixo, do Amapá, são congadas, exemplifica.

"Geralmente tudo que se usa tambor, quase uma caixa que se toca com baquetas, geralmente são congadas. E no Rio Grande do Sul nós temos o maçambique, uma congada viva há mais de 150 anos. Um grupo de resistência preserva viva essa manifestação lá em Osório e a Tribo Maçambiqueira criou composições a partir dessa referência", conta o músico. Segundo Xavier os maçambiques não têm uma linguagem popular e sim ancestral e os cantos são em formato de quadrinhas.

"É muito lindo o espetáculo. O show com eles é um show de maçambique, ela traz essa raiz, as músicas são todas tocadas nesse ritmo. Tem uma coisa de autenticidade", diz Kako Xavier, que na apresentação toca tambor tradicional. "Desta vez eu não levo o tambor de sopapo", conta. O espetáculo já foi apresentado em Montenegro e São Leopoldo. Depois de Pelotas, As congadas do tropicado segue para Caxias do Sul, neste domingo, e na sequência virão Canos, Novo Hamburgo e Santa Rosa, a turnê se encerra no próximo mês.


Serviço

O quê: show com Tribo Maçambiqueira + Kako Xavier e Loma Pereira

Quando: sexta-feira (11), às 20h

Onde: Bibliotheca Pública Pelotense, praça Coronel Pedro Osório, 103

Duração: 60 min

Classificação indicativa: Livre